Quando o assunto é a carteirinha de vacinação das crianças, muitas vezes surge a dúvida: mas qual dos calendários eu devo seguir? De fato, os calendários apresentam algumas diferenças, no que diz respeito às enfermidades prevenidas e às vacinas recomendadas. O Calendário Nacional de Vacinação, formulado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, contempla as vacinas consideradas prioritárias do ponto de vista de saúde pública. Já o foco dos calendários das sociedades médicas, seguidos pelos serviços privados de imunização, é a proteção individual.
Reconhecido internacionalmente por sua qualidade, o PNI oferece gratuitamente todas as vacinas que evitam as doenças mais comuns na população, nas faixas etárias com maior risco de adoecer e de apresentar complicações. Antes de incluir uma nova vacina em seu calendário, o Ministério da Saúde também avalia o quanto esta medida pode reduzir os gastos do sistema de saúde com tratamentos e internações, e até os dias de trabalho perdidos pelo paciente e seus familiares.
Em contrapartida, os serviços privados de vacinação seguem calendários com o olhar na saúde individual. Por isso, os calendários podem recomendar a prevenção de outras enfermidades e faixas etárias que não estão previstas no PNI. Também pode haver diferenças no número de doses administradas, no intervalo de aplicação de cada dose, nos tipos de vacinas a serem utilizadas e na cobertura para determinadas doenças. (saiba mais sobre essas diferenças aqui).
Vale lembrar que os calendários são dinâmicos. Periodicamente, o Ministério da Saúde e as sociedades médicas emitem versões atualizadas que podem conter novas vacinas, indicações para outras faixas etárias e alterações do esquema vacinal. Para estar sempre em dia com essas atualizações, os pais devem levar a carteira de vacinação de seus filhos nas consultas médicas para a avaliação junto ao pediatra.
Ao todo, atualmente, os pais têm a oportunidade de imunizar seus filhos contra mais de 20 doenças infectocontagiosas. O mais importante é conhecer todas as opções de proteção que existem contra essas enfermidades, especialmente quando há diferenças entre as vacinas e na cobertura que elas proporcionam. E, para tornar essa tarefa mais fácil, vamos dividir com você a versão mais atual do calendário vacinal da criança da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), que traz as vacinas recomendadas para crianças e adolescentes de 0 a 14 anos, contemplando as doses previstas para cada faixa etária, bem como a disponibilidade delas nos postos de saúde ou nas clínicas particulares.
Dica muito importante: não se esqueça que completar o esquema vacinal adequado para a idade da criança, sem atrasos, é um fator que contribui para uma melhor resposta às vacinas. Agora que você já conferiu o nosso calendário, aproveite para se informar, a seguir, sobre as peculiaridades relacionadas a algumas dessas vacinas:
• Tríplice bacteriana – As duas vacinas existentes, produzidas com células inteiras e com proteínas (acelular), são muito seguras. A vantagem em se fazer a DPT acelular em relação à vacina de célula inteira (entenda aqui a diferença entre as duas) é a menor probabilidade do surgimento de eventos adversos, em especial a febre. Adolescentes com esquema primário desta vacina devem receber a dose de reforço aos 14 anos, com DT ou tríplice acelular.
• Haemophilus Influenza tipo B (Hib) – a vacina pentavalente disponível nos postos de saúde previne também o HIB e deve ser administrada em três doses. A vacina oferecida pelo sistema privado, que contém o componente contra HIB combinado com a vacina tríplice bacteriana acelular, deve ser administrada em quatro doses.
• Pneumocócicas conjugadas – A vacina 10-valente oferecida pela rede pública deve ser administrada em duas doses, aos 2 e 4 meses, além de uma dose de reforço aos 12 meses. Já a vacina 13-valente, disponível no serviço privado, requer três doses aos 2, 4 e 6 meses, bem como um reforço aos 12 meses. Crianças saudáveis com esquema completo com a vacina 10-valente também podem receber uma dose adicional da vacina 13-valente até os 5 anos, para ampliar a proteção contra os sorotipos adicionais dessa bactéria (conheça as diferenças entre essas duas vacinas aqui)
• Meningocócicas conjugadas – por oferecer maior espectro de proteção, o uso da vacina contra os sorogrupos A, C, W e Y da bactéria meningococo é preconizado pela SBP, sempre que possível. O esquema vacinal contempla duas ou três doses, que devem ser dadas a partir dos três meses de idade (a depender a vacina utilizada). São recomendados três reforços: aos 12 meses, aos cinco e aos 11 anos. Essa vacina também pode ser oferecida como reforço as crianças que foram vacinadas previamente apenas contra o sorogrupo C (veja mais informações sobre essas duas opções aqui).
• Influenza (gripe) – a vacina deve ser ministrada anualmente em crianças a partir de 6 meses. Crianças com até 9 anos que nunca foram vacinadas devem receber na primeira imunização duas doses, com um mês de intervalo.
• Varicela (catapora) – é recomendada a administração de duas doses para crianças após 1 ano de idade. O Ministério da Saúde introduziu a vacina tetravalente contra catapora, sarampo, caxumba e rubéola aos 15 meses e o reforço deve ser aplicado aos 4 anos de idade.
• HPV – no Brasil, existem duas vacinas licenciadas: a HPV 4, para ambos os sexos, e a HPV2, apenas para as meninas, recomendadas a partir de 9 anos de idade, prevenindo contra o câncer e verrugas genitais.
• Hepatite B – a criança deve receber a vacina específica contra a hepatite B ao nascer. Depois, a vacinação de rotina prevê a aplicação de duas ou 3 doses da vacina combinada que protege contra hepatite B e também contra outras doenças como de difteria, tétano, coqueluche e Hib.
Fontes:
- SBIm. Calendário de Vacinação Criança 0 a <10 anos 2021/2022. Disponível em: https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-crianca.pdf Acesso em outubro de 2021.
-Ministerio da Saude PNI. Calendário de Vacinação Criança. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/junho/09/calendario-de-vacinacao-2020_crianca.pdf Acesso em outubro de 2021.
- BALLALAI, Isabella; BRAVO, Flavia (Org.). Imunização: tudo o que você sempre quis saber. Rio de Janeiro: RMCOM, 2016. Disponível em: https://sbim.org.br/images/books/imunizacao-tudo-o-que-voce-sempre-quis-saber-200923.pdf Acesso em: outubro/2021.
- SBIm. Calendário de Vacinação Adolescente 2021/2022. Disponível em: https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-adolescente.pdf Acesso em outubro de 2021.