Muito se fala sobre os benefícios da amamentação para a saúde do bebê e da própria mãe. Realmente, as mamadas estimulam o sistema imunológico da criança, diminuindo o risco de doenças importantes, como pneumonia, otites, alergias, desnutrição e problemas gastrointestinais. O ato de mamar também estimula as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala. Mas os benefícios não param por aí. Há, também, um forte aspecto afetivo envolvido no aleitamento materno, que proporciona ao bebê uma experiência carregada de segurança emocional.
Afinal, não é à toa que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que os bebês sejam amamentados exclusivamente até os 6 meses sendo ainda o alimento principal até 1 ano e que o aleitamento se estenda, de forma complementar, pelo menos até os 2 anos de idade. Amamentar significa muito mais do que alimentar. É um momento de troca de afeto e de conexão profunda, que contribui para o fortalecimento do vínculo entre a mãe e a bebê, promovendo sentimentos de confiança e de proteção. Assim, no amparo do colo materno, em contato com o calor do corpo da mãe e reconhecendo o cheiro dela e seus batimentos cardíacos, o bebê se sentirá acolhido e seguro, enquanto experimenta o prazer de sugar.
Vale dizer ainda que, na posição da mamada, o recém-nascido consegue visualizar bem o rosto da mãe, pois ao nascer os bebês só enxergam objetos muito próximos, entre 20 cm e 30 cm de distância. Além disso, diferentes estudos sugerem que o aleitamento materno está associado a um melhor desenvolvimento cognitivo na infância, com possíveis repercussões no desempenho escolar dessas crianças no futuro. Alguns pesquisadores defendem que esse efeito estaria relacionado a substâncias importantes para desenvolvimento cerebral presentes em grande quantidade no leite materno, como o DHA (ácido docosa-hexaenóico) e a colina.
Por trazer tantos benefícios, a amamentação é a melhor opção, desde que a mulher possa e queira amamentar. Desafios podem aparecer no meio do caminho, é verdade, mas com o apoio do pediatra de sua confiança e da família é possível atravessar esse momento com mais tranquilidade. Mas lembre-se: bebês não amamentados também podem se desenvolver adequadamente, com saúde e afeto. Para mulheres que não podem ou não desejam amamentar existem outras oportunidades de estreitar o vínculo com seus bebês, como a oferta de colo, o contato pele a pele na hora do banho, as massagens e as conversas com o filho, além de leituras e brincadeiras.
Uma boa rede de apoio pode incluir a família, amigos, vizinhos, redes sociais e grupos de mães, entre outros. Mas, lembre-se: quando a questão é a saúde de seus filhos, sempre busque as informações científicas, atualizadas e éticas com seu pediatra de confiança.
Fontes:
- Leon-Cava N, Lutter C, Ross J, Martin L. Quantifying the benefits of breastfeeding: a summary of the evidence. Food and Nutrition Program, Pan American Health Organization, Washington, DC, 2002, p.1.
- A importância do vínculo materno no desenvolvimento infantil. Disponível em: http://www.iff.fiocruz.br/index.php/8-noticias/330-aimportanciadovinculomaterno Acesso em outubro de 2021.
- SBP Pediatria para a família. A importância do aleitamento materno. Disponível em:https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/nutricao/a-importancia-do-aleitamento-materno/ Acesso em outubro de 2021.
-A importância do DHA no desenvolvimento cognitivo. Atualização de Condutas em Pediatria. Disponível em: https://www.spsp.org.br/site/asp/recomendacoes/Rec91_Nutricao.pdf Acesso em outubro de 2021.
Aleitamento materno: a força dos anticorpos
Quando nasce, o bebê ainda possui o sistema imunológico muito imaturo. O leite materno, além de ser uma excelente fonte de nutrientes, ajuda a proteger os pequenos contra infecções, já que por meio da amamentação, eles recebem os anticorpos que a mãe produziu ao longo de sua vida.
O colostro, primeiro leite produzido no pós-parto, oferece todos os nutrientes necessários que o bebê precisa, além de proteger contra infecções respiratórias, diarreias, alergias, otites e outras doenças na infância. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os bebês recebam exclusivamente o leite materno até os seis meses de idade.
Durante esse período, nem mesmo água, sucos ou sopinhas devem ser ingeridos pela criança. E não existe essa história de leite fraco ou aguado. O leite materno contém água suficiente para manter o bebê hidratado e todos os nutrientes que contribuem para o crescimento saudável e desenvolvimento adequado da criança.
A introdução precoce de complementos alimentares também deve ser evitada para que o bebê não rejeite o leite materno. A redução do aleitamento interfere na transferência dos anticorpos da mãe para a criança. Esses complementos podem ainda causar alterações no sistema imunológico, favorecendo o aparecimento de alergias.
A partir dos seis meses, a amamentação deve ser complementada com alimentos variados até os dois anos de idade. Enquanto a criança ainda mama, ela pode ingerir cereais, tubérculos, carnes, verduras, frutas e legumes de forma progressiva até chegar ao ritmo alimentar do restante da família.
No Brasil, muitos pais têm o costume de dar leite de vaca integral muito precocemente aos bebês, normalmente, logo após o desmame. Essa prática não é recomendada, já que essa substituição leva ao consumo excessivo de proteínas e gorduras, associado ao desenvolvimento de doenças crônicas no futuro, como obesidade e diabetes.
Fontes:
Soares RCS, Machado JP. Imunidade conferida pelo leite materno. Anais IV SIMPAC Volume 4 n.1 Viçosa-MG jan.-dez. 2012 - p. 205-210.
World Health Organization. Infant and young child feeding. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/infant-and-young-child-feeding [Acesso em outubro 2021]
SBP Pediatria para a família. A importância do aleitamento materno. Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/nutricao/a-importancia-do-aleitamento-materno/ Acesso em outubro de 2021.
SBP. Manual de orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola/Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia, 3ª. ed. Rio de Janeiro, RJ: SBP, 2012. 148 p. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/pdfs/14617a-PDManualNutrologia-Alimentacao.pdf [Acesso em outubro 2021]